ATRAVÉS DO CRISTAL
Cada um acredita no que quer e no que pode. Somos tão vulneráveis ao que nos contam. E nos contam qualquer coisa, contam-nos mentiras, enfeitam fatos e pintam o arco-íris inteiro nas pessoas. Jogam confetes, serpentinas, flores, holofotes, purpurinas, perfumes, inventam os heróis da vez e dão troféus a alguns poucos eleitos de turno. A outros crucificam. Jogam pedras. Esfolam. Esmagam. Arrebentam. Quando bem entendem e lhes apraz. Dão nós cegos. E nós, cegos, acreditamos em qualquer coisa. Somos tão vulneráveis ao que nos oferecem, ao que nos mostram, ao que nos dão, ao que nos contam. Está ali, de bandeja. Sim, falo da mídia, das notícias, dos noticiários, dos sensacionalismos. Falo das versões que, a depender do humor e da tendência político-partidária de cada um(a), se dão para o mesmo fato. E somos nós que temos que aguentar essa labirintite, tentar equilibrar essa esquizofrenia mediática e suportar o desafio à nossa sanidade e esse insulto à nossa inteligência. Dão nós cegos. E nós, cegos, acreditamos em qualquer coisa. Somos tão vulneráveis ao que nos oferecem, ao que nos mostram, ao que nos dão, ao que nos contam. Mas qual o critério e o antídoto? Lançar mão do olhar crítico. Ponderar e filtrar os fatos e as versões com as lentes translúcidas da nossa própria verdade, da nossa intuição, do nosso bom senso. Acreditar em nossa desconfiança e desconfiar da nossa fé, para confiar em nosso faro, em nosso sentido, em nosso tato, em nós mesmos. Dão nós cegos. E nós, cegos, acreditamos em qualquer coisa. Somos tão vulneráveis ao que nos oferecem, ao que nos mostram, ao que nos dão, ao que nos contam...
Lúcia, 29.01.2014, agora.